Agronegócios
Federação colombiana fala até em retenção de café para conter preços
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O Comitê Diretor da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) solicitou ao governo do país e à indústria global que adotem “medidas urgentes em favor dos produtores colombianos e das 25 milhões de famílias que vivem do grão no mundo” após a recente queda da cotação do café abaixo de U$ 1,00 por libra-peso na bolsa de Nova York.
O comitê, por meio de seu presidente Camilo Restrepo Osorio, convocou para a próxima semana reunião com os 15 delegados dos Comitês Departamentais e os Ministros de Fazenda, Agricultura e Comércio e a Direção de Planejamento Nacional do país para discutir saídas para enfrentar a queda dos preços do café no mercado.
De acordo com comunicado da entidade, a reunião deve tratar da possibilidade de implementar um programa de apoio direto ao preço e até de um programa de retenção de café. Além disso, deve discutir a importância de um Fundo de Estabilização de Preços para o café.
A FNC pretende solicitar à Agricultura recursos para aliviar as dívidas dos produtores e a manutenção de apoios para renovação de cafezais. Ainda conforme o comunicado, na próxima semana o gerente geral da FNC terá reunião com representantes do setor cafeeiro no Brasil, quando discutirão a situação dos preços do produto.
Para a FNC, o cenário atual dos preços do café no mundo afeta “de forma drástica os cafeicultores da Colômbia e portanto tem um forte impacto no colapso da economia nacional e na deterioração das condições sociais de mais de 3,5 milhões de cafeicultores”.
Na visão da federação, “não se pode seguir permitindo que sejam atores alheios à indústria como os fundos de investimento, que em um afã de lucro, determinem o preço de um produto básico tão importante que dá sustento a 25 milhões de famílias produtoras no mundo”.
De acordo com o a entidade, o preço de referência para os cafés suaves (contrato C) na bolsa de Nova York registrou 22 meses de queda sistemática, o que levou a cotação de US$ 1,60 por libra-peso em novembro de 2016 para cerca de US$ 1,08 em julho de 2018.
Em agosto, observa a FNC, a situação piorou, com uma retração de 22% em relação a agosto de 2017, registrando um preço médio de US$ 1,05 por libra e um mínimo de 97,25 centavos de dólar. Desde agosto de 2006 o contrato não caía abaixo de US$ 1,00 por libra.
Em decorrência do recuo no mercado internacional, o preço interno base de compra (composto pela cotação do contrato C, diferencial por qualidade e taxa de câmbio) caiu de 19% no último ano, segundo a FNC. Isso significa que produtores receberam em média cerca de 166 mil pesos a menos por carga, passando de 851 mil pesos em agosto de 2017 para 685 mil em 21 agosto de 2018.
Como consequência da queda do preço interno, a FNC estima que em 2018 o valor da colheita de café será 1,5 bilhão de pesos menor que o valor registrado no ano passado (7,5 bilhões de pesos), o que terá um impacto econômico negativo para o país.
A federação pondera que a taxa de câmbio tem amenizado a queda do preço externo do café, evitando que o impacto sobre a cotação doméstica seja muito maior.